quarta-feira, 4 de março de 2009

Principiemos pola fin

Falo do meu final favorito: o de Lolita, de Vladimir Nabokov (do que tirei para pórlle nome a este blogue). Harold Bloom explica aquí que esta pasaxe "não soa como Humbert, claramente é Nabokov quem usurpa as tonalidades do fim". Concordo totalmente. Este é o parágrafo inesquecible que o autor reservou para si mesmo:

"Assim, nenhum de nós estará vivo quando o leitor abrir este livro. Mas, enquanto o sangue latejar na minha mão que escreve, tu continuarás a fazer parte da abençoada matéria, tanto como eu, e ainda poderei falar contigo, daqui para o Alasca. Sê fiel ao teu Dick. Não deixes outros tipos tocarem-te. Não fales com desconhecidos. Espero que ames o teu bebé, assim como espero que o teu marido te trate sempre bem, pois de contrário o meu espírito descerá sobre ele como fumo negro, como gigante dementado, e destrui-lo-á nervo por nervo. E não lamentes C. Q. Havia que escolher entre ele e H. H. e desejava que H. H. existisse pelo menos mais uns meses, para que tu vivesses no espírito de futuras gerações. Penso em auroques e anjos, no segredo dos pigmentos duráveis, em proféticos sonetos, no refúgio da arte. E essa é a única inmortalidade que tu e eu podemos compartilhar, minha Lolita"

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